Janeiro - 2014

Está dentro de nós a força do amor


Da Regra monástica maior de São basílio Magno, bispo
(Resp. 2, 1; PG 31, 908-910) (Sec. IV)

O amor de Deus não se aprende com normas e preceitos. Assim como não é preciso ensinar-nos a gozar da luz, a desejar a vida, a amar os pais ou educadores, assim também, e com maior razão, o amor de Deus não procede de uma disciplina exterior, mas é na própria constituição natural do homem que está inserida, como que em germe, uma força espiritual que contém em si a capacidade e a necessidade de amar. Esta força espiritual inata é depois cultivada diligentemente e alimentada sabiamente na escola dos preceitos divinos, que, com a ajuda de Deus, a conduz à perfeição.

Por isso, conhecendo o vosso desejo de chegar a esta perfeição, com a ajuda de Deus e das vossas orações nos esforçamos, na medida em que no-lo permite a luz do Espírito Santo, por avivar a centelha do amor divino escondida em vosso interior.

Digamos em primeiro lugar que Deus nos comunicou previamente a força e capacidade para cumprir todos os preceitos, e por isso não há razão para os encarar de má vontade como se de nós fosse exigido algo superior às nossas forças, nem para nos orgulharmos como se retribuíssemos mais do que aquilo que nos foi dado. Se fazemos bom uso destas energias recebidas, levaremos com amor uma vida cheia de virtudes; mas, se fazemos mau uso delas, viciamos a sua finalidade.

Nisto consiste precisamente o vício: usar mal, e contra os preceitos divinos, das faculdades que o Senhor nos concedeu para fazer o bem; ao contrário, a virtude, que é o que Deus pede de nós, consiste em usar dessas faculdades com recta consciência, segundo a vontade do Senhor.

Sendo isto assim, o mesmo podemos afirmar da caridade. Tendo recebido o preceito de amar a Deus, na nossa própria natureza possuímos a força e a faculdade de O amar; não é preciso demonstrá-lo com argumentos exteriores, mas qualquer de nós o pode experimentar por si mesmo e em si mesmo. Por instinto natural desejamos o que é bom e belo, embora nem a todos pareçam boas e belas as mesmas coisas; do mesmo modo, sem que ninguém no-lo tenha ensinado, amamos aqueles que nos são mais próximos por parentesco ou convivência e espontaneamente mostramos simpatia para com os nossos benfeitores. (Fonte)

 

Papa: atenção pelos pobres é Evangelho, e não comunismo ou pauperismo

2015-01-11 Rádio Vaticana

"A atenção pelos pobres está no Evangelho, não é uma invenção do comunismo", disse o Papa numa entrevista com Andrea Tornielli, coordenador do "Vatican Insider", e Giacomo Galeazzi, vaticanista do jornal "La Stampa" . A entrevista com o Papa conclui o livro intitulado "Papa Francisco. Esta economia mata", dedicado ao magistério social do Pontífice. O volume recolhe e analisa os documentos do magistério sobre a pobreza, imigração, justiça social e integridade da criação. Publicado pela Editora  Piemme, o livro será lançado na terça-feira, 13 de janeiro, mas neste domingo o jornal “La Stampa” antecipou longos extractos da entrevista com o Papa. Serviço de Isabella Piro, da Rádio Vaticano.

Opção preferencial pelos pobres, vem das palavras de Jesus
"A atenção pelos pobres está no Evangelho e na tradição da Igreja, não é uma invenção do comunismo e não devemos fazer dela uma ideologia", assim explica o Papa Francisco a continuidade, na tradição da Igreja, da "opção preferencial pelos pobres". "Uma atenção que tem a sua origem no Evangelho - reitera – documentada já nos primeiros séculos do cristianismo": basta citar os primeiros Padres da Igreja, do segundo ou do terceiro século. As suas homilias não podem  ser consideradas "marxistas", explica o Papa Francisco, porque quando "a Igreja convida a vencer a "globalização da indiferença" está longe de qualquer interesse político e de qualquer ideologia". Ela é "movida apenas pelas palavras de Jesus" e "quer dar o seu contributo na construção de um mundo onde se protege e se cuida uns aos outros”.

Aborto, resultado da cultura do descarte
A propósito da globalização, o Papa Francisco destaca as suas luzes e sombras: por um lado, essa "tem ajudado muitas pessoas a saírem da pobreza", levando a "um crescimento da riqueza mundial em termos absolutos", mas, por outro lado a globalização "condenou muitas outras pessoas a morrer de fome", provocando um aumento  "das disparidades" e o nascimento de "novas pobrezas". É um sistema económico e social que coloca ao centro o dinheiro, o transforma num ídolo – sublinha o Pontífice - e reduz homens e mulheres em "simples instrumentos", causando "profundos desequilíbrios". O que predomina na cultura, na política, na sociologia é o "descarte" daquilo que não serve: crianças, jovens, idosos. "A cultura do descarte leva a rejeitar as crianças também com o aborto", reafirma o Papa que, em seguida, diz estar "chocado" pelas "taxas de natalidade tão baixas na Itália", porque "assim se perde a ligação com o futuro”.

Eutanásia escondida para idosos abandonados
A cultura do descarte também leva "à eutanásia oculta dos idosos que são abandonados", em vez de serem considerados "como a nossa memória, a ligação com o nosso passado, uma fonte de sabedoria para o presente". Também os jovens são afectados por esta atitude, de modo que – observa o Papa Bergoglio - "nos países desenvolvidos há tantos milhões de jovens com idade inferior a 25 anos que não têm emprego". São os jovens "nem-nem" – define-os o Pontífice - "não estudam porque não têm possibilidades de fazê-lo e não trabalham porque não há trabalho". E depois, o Papa faz uma pergunta: "Qual será o próximo descarte?”

Resolver a pobreza para curar o mundo
Por isso, o forte apelo: "Paremos, por favor!", "Não consideremos esta situação como irreversível, não nos resignemos", mas "tentemos construir uma sociedade e uma economia em que estão no centro o homem e o seu bem, e não o dinheiro", porque "sem uma solução para os problemas dos pobres, não vamos  resolver os problemas do mundo". O que é necessário, reitera o Papa, é "a ética na economia e na política"; precisamos de "programas, mecanismos e progressos orientados para uma melhor distribuição dos recursos, a criação de empregos, a promoção integral daqueles que são excluídos”.

Não à autonomia absoluta dos mercados
Acima de tudo, precisamos de "homens e mulheres com os braços levantados para Deus para rezar", conscientes de que "o amor e a partilha dos quais provém  o desenvolvimento autêntico" não são "um produto" do homem, mas "um dom que se deve pedir". Estes homens e estas mulheres, exorta o Papa, devem empenhar-se em todos os níveis - social, político, institucional e económico - "pondo ao centro o bem comum", porque "os mercados e a especulação não podem gozar de uma autonomia absoluta" . "Já não podemos esperar mais - adverte o Papa - para resolver as causas estruturais da pobreza, para curar as nossas sociedades de uma doença que só pode levar a novas crises".

Pauperismo, caricatura do Evangelho
Por fim, o Papa Francisco recorda que o Evangelho "não condena os ricos, mas a idolatria da riqueza que torna a pessoa insensível ao clamor do pobre". E, portanto, adverte contra o pauperismo, definindo-o de "uma caricatura do Evangelho e da própria pobreza". Pelo contrário, "a ligação profunda entre a pobreza e o caminho evangélico", e que nos foi ensinado por São Francisco de Assis, é o verdadeiro "protocolo", com base no qual o homem será julgado: significa "cuidar do próximo, de quem é pobre, dos que sofrem no corpo e no espírito, dos necessitados". E isto não é o pauperismo - conclui o Papa - mas Evangelho. (BS)

(from Vatican Radio)
 
 
 

2015-01-08 Rádio Vaticana

 

“Assim é o amor de Deus: sempre nos espera, sempre nos surpreende. É o Pai, é o nosso Pai que nos ama, que está sempre disposto a nos perdoar, sempre! Como um pai cheio de amor, e para conhecer este Deus, que é amor, devemos subir pelo degrau do amor ao próximo, pelas obras de caridade, pelas obras de misericórdia que o Senhor nos ensinou. Que o Senhor, nestes dias em que a Igreja nos faz pensar na manifestação de Deus, nos dê a graça de conhece-lo através do caminho do amor”. 

(BF/CM)

(from Vatican Radio)

 

Existe a linguagem da mente,  pensar; a linguagem do coração, amar; a linguagem das mãos, fazer.

Janeiro - 2014

"As pessoas que fazem o espectáculo no circo criam beleza, são criadores de beleza. E isto é bom para a alma. Como precisamos beleza! É verdade, a nossa vida é muito prática, fazer as coisas, levar para frente o trabalho, isto deve ser feito: o fazer, a linguagem das mãos ... Além disso, a nossa vida é pensar, o raciocínio ... a linguagem da mente. Também somos pessoas que amam, que têm esta capacidade de amar, a linguagem do coração. Existe a linguagem da mente,  pensar; a linguagem do coração, amar; a linguagem das mãos, fazer. E estas três linguagens se unem para fazer a harmonia da pessoa. E lá está a beleza,  e estas pessoas que hoje fizeram este espectáculo, são criadoras de harmonia, criadoras de beleza, e que ensinam aquele caminho superior da beleza. Deus certamente é verdadeiro, Deus certamente é bom, Deus certamente sabe fazer as coisas, criou o mundo, mas sobretudo Deus é belo! A beleza de Deus. E muitas vezes nós nos esquecemos da beleza, hein? A humanidade pensa, sente, faz, mas hoje ela tem muita necessidade de beleza. Não nos esqueçamos disto!”

(from Vatican Radio)

 

Papa: Ser mãe é dar a vida; o melhor antídoto contra o individualismo

“Na homilia no funeral de um padre assassinado pelos esquadrões da morte, ele disse citando o Concílio Vaticano II: ‘Todos devemos estar dispostos a morrer pela nossa fé, mesmo que o Senhor não nos conceda esta honra... Dar a vida não significa só ser mortos; dar a vida, ter espírito de martírio, é dar no dever do silêncio, na oração, no cumprimento honesto do dever; naquele silêncio da vida quotidiana; dar a vida pouco a pouco! Sim, como uma mãe, que sem temor, com a simplicidade do martírio materno, concebe no seu seio um filho, dá-o à luz, amamenta-o, faz crescer e acode com afeto. É dar a vida. É martírio’. Sim ser mãe não siginifica só pôr no mundo um filho, mas é também uma escolha de vida, a escolha de dar a vida.”
 

 

SOLENIDADE DA EPIFANIA DO SENHOR
Bento XVI, Homilia, 6 de Janeiro de 2011 

Na solenidade da Epifania, a Igreja continua a contemplar e a celebrar o mistério do nascimento de Jesus Salvador...Fazendo-se homem no seio de Maria, o Filho de Deus veio não só para o povo de Israel, representado pelos pastores de Belém, mas também para a humanidade inteira, representada pelos Magos. E é precisamente a respeito dos Magos e do seu caminho em busca do Messias (cf. Mt 2, 1-12) que hoje a Igreja nos convida a meditar e a rezar. [...]

Para aqueles homens, era lógico procurar o novo rei no palácio real, onde se encontravam os sábios conselheiros da corte. Mas, provavelmente para sua surpresa, tiveram que constatar que aquele recém-nascido não se encontrava nos postos do poder e da cultura, embora naqueles lugares lhes tenham sido oferecidas informações preciosas acerca dele. Ao contrário, deram-se conta de que por vezes o poder, inclusive o do conhecimento, impede o caminho rumo ao encontro com aquele Menino. Então, a estrela orientou-os para Belém, uma pequena cidade; guiou-os entre os pobres, entre os humildes, para encontrar o Rei do mundo. Os critérios de Deus são diferentes dos critérios dos homens; Deus não se manifesta no poder deste mundo, mas sim na humildade do seu amor, daquele amor que pede à nossa liberdade para ser recebido para nos transformar e nos tornar capazes de chegar Àquele que é o Amor. Mas também para nós, as coisas não são tão diferentes de como eram para os Magos. Se nos fosse pedido o nosso parecer sobre a forma como Deus deveria ter salvo o mundo, talvez respondêssemos que devia manifestar todo o seu poder para conceder ao mundo um sistema económico mais justo, no qual cada um pudesse dispor de tudo o que quer. Na realidade, esta seria uma espécie de violência sobre o homem, porque o privaria de elementos fundamentais que o caracterizam. Com efeito, não seriam interpelados a nossa liberdade, nem o nosso amor. O poder de Deus manifesta-se de modo totalmente diferente: em Belém, onde encontramos a aparente impotência do seu amor. E é ali que nós devemos ir, é lá que havemos de encontrar a estrela de Deus.

Assim, parece-nos bem claro também um último elemento importante da vicissitude dos Magos: a linguagem da criação permite-nos percorrer um bom trecho de caminho rumo a Deus, mas não nos concede a luz definitiva. No final, para os Magos era indispensável ouvir a voz das Sagradas Escrituras: unicamente elas podiam indicar-lhes o caminho. A Palavra de Deus é a verdadeira estrela que, na incerteza dos discursos humanos, nos oferece o imenso esplendor da verdade divina. Caros irmãos e irmãs, deixemo-nos guiar pela estrela, que é a Palavra de Deus... A nossa senda será sempre iluminada por uma luz que sinal algum nos pode oferecer. E também nós poderemos tornar-nos estrelas para os outros, reflexo daquela luz que Cristo fez resplandecer sobre nós. Amém.