Teologia do Corpo

Teologia do corpo

Muitos são convencidos de que não serão felizes fora dos padrões

https://www.youtube.com/watch?v=2X3V7QDZBBU

catequeses-de-jpii-teologia-do-corpo.pdf

 

A doutrina cristã sempre valorizou o corpo humano por entender que ele é bom. Desde os primeiros séculos, os doutores da Igreja tiveram de combater a doutrina maniqueísta, que considerava a existência de dois deuses: um do bem e outro do mal, sendo que tudo que era material era entendido como obra do deus mau. Dessa forma, o corpo, por ser matéria, era desprezado.

 

Entretanto, a fé cristã sempre viu no corpo uma bela obra de Deus. O homem é uma unidade de corpo e alma. O corpo é tão importante que, no mistério da Encarnação do Verbo Divino, o Filho de Deus assumiu a nossa carne. Por isso, a Igreja entende a grandeza do corpo humano e a necessidade de valorizá-lo e protegê-lo desde a gestação materna. É através do nosso corpo que nos relacionamos como os outros, com a natureza e com o cosmos. Ele não é apenas uma máquina fria sem expressão.

 

Na pessoa humana o corpo é um reflexo da vida interior, tanto que expressa o cansaço do espírito, a depressão da alma ou a alegria de viver. Para o cristão, matéria e espírito são duas dimensões do ser. O homem todo é obra boa de Deus, é um ser racional que deve valorizar todas as atividades: físicas, racionais, psicológicas e espirituais.

 

Também a Bíblia ressalta a grandeza do nosso corpo. São Paulo fala do cristão como o “templo vivo da Santíssima Trindade”. Jesus disse aos apóstolos que “se alguém me ama, meu Pai o amará, viremos a ele e faremos nele nossa morada” (João 14,23). E é por isso que o apóstolo dos gentios é tão severo ao advertir os coríntios sobre a necessidade de se manter a pureza do corpo. “Não sabeis que sois o templo de Deus e que o espírito de Deus habita em vós?” (I Cor 3,16).

 

Esses ensinamentos fazem com que o cristão saiba usar o seu corpo com dignidade, sobretudo, na vida sexual, expressão maior do amor conjugal. Por isso, o sexo não é vivido nem antes nem fora do casamento. Quando Deus une o casal para sempre – como uma só carne – este se torna um compromisso de vida na dor e alegria. Fora do casamento, toda relação sexual se torna vazia, porque perde o sentido unitivo e procriativo. Pela relação amorosa dos seus corpos, homem e mulher celebram a “liturgia conjugal” e são capazes de dar vida a um novo ser que, como eles, é imagem de Deus.

 

Por outro lado, o corpo não pode ter uma primazia sobre o espírito. Na Antiguidade, se valorizava somente o espírito, desprezando-se o corpo. Hoje, corremos o risco de ver o contrário acontecer. Há pessoas que se tornaram escravas do corpo. O consumismo as convenceu de que o mais importante é ser bonito fisicamente, esbelto, magro. Muitas pessoas são convencidas de que, se não estiverem de acordo com esses padrões, não serão felizes. Entretanto, Deus seria injusto se fizesse com que a felicidade dependesse da cor da pele, do biótipo do corpo, da ondulação do cabelo. O corpo não é um fim em si mesmo, mas um meio para nos expressarmos. Michel Quoist dizia ao jovem que, para ser belo, é melhor parar “cinco minutos diante do espelho, dez diante de si mesmo e quinze diante de Deus”. Se considerarmos esse princípio, estaremos dando a justa medida às coisas e, por consequência, trilhando o caminho da verdadeira felicidade.

 

 

Foto

Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

Prof. Felipe Aquino @pfelipeaquino, é casado, 5 filhos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de aprofundamentos no país e no exterior, escreveu mais de 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos". Saiba mais em Blog do Professor Felipe Site do autor: www.cleofas.com.br

 

FONTE

catequeses-de-jpii-teologia-do-corpo.pdf

A encíclica Humanæ vitæ sublinha o significado conjuntamente unitivo e procriativo da sexualidade, pondo assim como fundamento da sociedade o casal, homem e mulher, que se acolhem reciprocamente na distinção e na complementaridade; um casal, portanto, aberto à vida. Não se trata de uma moral meramente individual: a Humanæ vitæ indica os fortes laços existentes entre ética da vida e ética social, inaugurando uma temática do Magistério que aos poucos foi tomando corpo em vários documentos, sendo o mais recente a encíclica Evangelium vitæ de João Paulo II. A Igreja propõe, com vigor, esta ligação entre ética da vida e ética social, ciente de que não pode « ter sólidas bases uma sociedade que afirma valores como a dignidade da pessoa, a justiça e a paz, mas contradiz-se radicalmente aceitando e tolerando as mais diversas formas de desprezo e violação da vida humana, sobretudo se débil e marginalizada ».