Um grande desafio criativo

 

Um grande desafio criativo

Para o designer Fred Gelli, a natureza é fonte de inspiração para novas formas de fazer negócios 

Precisamos desatar o nó evolutivo no qual nos encontramos e, para isso, será necessário redesenhar o mundo, fazer negócios de forma diferente e sermos sustentáveis realmente. Assim Fred Gelli, cofundador e diretor de criação da Tátil Design de Ideias, abriu sua palestra na HSM ExpoManagement 2012. 

Para justificar suas afirmações, recorreu aos números: “Em 2050, estima-se que a população global alcançará 9,5 bilhões de habitantes. Se todos consumirem como hoje, serão necessários 3,5 planetas como o nosso.” 

Como não é possível multiplicar a Terra, resta enfrentar o desafio que o executivo define como criativo, apesar de parecer complexo. Algumas mudanças essenciais: vamos precisar de novas fontes de energia, repensar a ocupação urbana, inovar as formas de transporte, de produção e de como nos relacionamos com o consumo.

Segundo Gelli, diante dessa necessidade de inovação, o design se transformou em uma das disciplinas e abordagens mais importantes, por sua capacidade de costurar conhecimentos. “Um designer não sabe tudo, mas sabe quem sabe”, disse, ensinando que a natureza pode ser usada como inspiração. “Devemos fazer negócios como a natureza faz há bilhões de anos, equilibrando os conceitos de competição e colaboração. Nos ecossistemas, as relações são de ganha-ganha, regidas por ciclos e não há desperdício, tudo é reaproveitável.” 

Competências x demanda

Para o executivo, as empresas são as protagonistas dessa revolução. No entanto, precisam inovar, revendo estratégias por meio das competências que acumularam ao longo dos anos. “Para isso, inicialmente, será preciso descobrir quais são essas competências essenciais, que muitas organizações desconhecem. Depois, analisar as demandas atuais da humanidade. Por fim, fazer a conexão entre ambos, criando um novo propósito, tornando-se uma marca viva”, resumiu. 

Discorrendo um pouco mais sobre as demandas atuais, Gelli salientou que existe pressão por parte das leis e dos consumidores, que são cada vez mais exigentes, por negócios sustentáveis, isto é, que agreguem valor ao respeitar a diversidade. Porém, segundo ele, não se trata apenas de querer transformar-se em “empresa verde” instalando um departamento de responsabilidade social, passando a usar papel reciclado ou conquistando certificados. “Isso não funciona mais. É preciso mudar de fato.” 

Para contribuir com esse processo de mudança real, o palestrante elencou alguns pontos importantes: 

  • Migrar do conceito de produto para o de serviço. 
  • Aceitar que os recursos naturais são finitos e transformar resíduos em recursos. 
  • Não mirar apenas os consumidores do topo da pirâmide. É preciso enxergá-la por inteiro.
  • Regenerar o capital natural. 
  • Trocar o pensamento cartesiano pelo sistêmico, com equipes multidisciplinares. 
  • Pensar no consumidor como um desfrutador, que se relaciona com o produto. 
  • Criar valor para todos e não apenas para os acionistas. 

Algumas empresas já nasceram alicerçadas nesses conceitos. O Google foi um dos exemplos citados por Gelli: “Seus criadores estão bilionários, mas todos ganharam com a empresa.” 

Grandes corporações também enxergaram o novo contexto e estão se adequando. “A Coca-Cola usa sua logística de distribuição para levar soro a Zâmbia, na África. São embalagens que se encaixam perfeitamente nos engradados, entre as garrafas. O medicamento ajuda a salvar crianças da desidratação que pode levar à morte. A ação foi batizada de Colalife.” 

Existem vários cases que comprovam que a transformação é possível, que as empresas possuem o conhecimento e que a natureza ajuda com seus exemplos. “É preciso vontade e disposição para fazer diferente”, concluiu o designer. 

Confira os principais insights do palestrante

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